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ALPINISTAS CONTAM COM XERPAS, LÍDERES COM COACHES



O desenvolvimento tradicional de liderança tende a se concentrar em conhecimentos e habilidades. Embora sejam importantes, não são mais suficientes para líderes que enfrentam um mundo cada vez mais complexo. Para lidar com a incerteza e a ambiguidade em meio a tanta complexidade, líderes precisam transformar a forma como compreendem e dão sentido a complexidade. Esse desenvolvimento é chamado de desenvolvimento vertical, enquanto o desenvolvimento tradicional é chamado de desenvolvimento horizontal. Não é uma questão de um ou o outro, mas de um e o outro. Ambos são importantes.


O desenvolvimento vertical acontece em estágios. A cada estágio, líderes podem lidar com mais complexidade, ver mais perspectivas e ter mais consciência de seu próprio pensamento.


A metáfora de escalar uma montanha pode servir como ilustração do que significa essa escalada vertical na qual líderes ganham um ponto de vista cada vez mais alto. Imagine que está prestes a iniciar sua escalada. A cada etapa da trajetória de subida da montanha você pode ver mais do território que já percorreu. Você pode ver as várias voltas e reversões do caminho. Você pode ver mais, além e através do vale. Quanto mais perto você chega do cume, mais fácil fica ver por trás do lado na sombra e descobrir aspectos anteriormente ocultos. Finalmente, no topo, você pode ver além da sua montanha particular para outras montanhas e horizontes. Quanto mais você pode ver, mais capaz de considerar novas perspectivas você se torna e mais possibilidades e escolhas você passa a ter.


Diferente do desenvolvimento da criança, o desenvolvimento do adulto é intencional. Líderes precisam persegui-lo e organizações podem acelerar verticalmente o desenvolvimento de seus líderes.


Os alpinistas contam com a experiência dos xerpas para chegar ao cume, líderes contam com coaches. Descendentes da herança tibetana, a comunidade Xerpa é um grupo étnico, indígena da região do Himalaia. Mas para muitos fora do Nepal, a palavra “Xerpa” tornou-se sinônimo de quem trabalha como guia de montanha. A diferença é que o coach guia o coachee no trajeto rumo a suas próprias repostas.


Os alpinistas contam com a experiência dos xerpas para chegar ao cume, líderes contam com coaches.

Assim como na escalada do Everest, são 4 campos ou platôs, usando uma das linguagens de desenvolvimento vertical, necessários para a aclimatação dos alpinistas. Na nossa escalada, o primeiro campo para a maioria dos adultos é o da mente socializada. Nesse estágio enxergamos o preto e o branco como opostos. O cinza praticamente não existe. Só o certo e o errado. Um dos valores mais fortes nesse estágio são os relacionados a justiça, ética, moral e integridade e de tão fortes eles fazem nossos líderes alpinistas refém. Eles só conseguem enxergar a escalada e o mundo através dessa lente. Através de uma lente que é polarizada e divide: "Eu estou certo de acordo com as convicções em que acredito e o outro está errado se ele tem outro ponto de vista". Aqui o líder não consegue se abrir a pontos de vista diferentes e tem uma relação forte com a autoridade seja ela de um grupo, organização ou sociedade. Existem regras e ordem.


No entanto, para continuar a subir a montanha, esse líder precisa se preparar para lidar o com imprevisto e com o incerto. Um deles, por exemplo, são as condições climáticas. Aliás, o clima é considerado um dos sistemas mais complexos. Para isso, ele precisará da ajuda do seu coach como um “xerpa” de pensamento que irá ajudá-lo a ampliar a sua capacidade de compreensão e ajudá-lo a fazer um upgrade no seu sistema operacional interno de construção de significado. O coach faz isso apontando pensamentos ou crenças limitantes, fazendo com ele consiga incluir novas perceptivas, inclusive a sua própria, e incorpora novos tons de cinza a paleta de cores da sua mente. Ele ajuda o líder a pegar a caneta para escrever as suas histórias. Quando o líder conseguir, ele terá chegado ao campo da mente autoral.


Nesse estágio ele consegue compreender mais. No entanto, tem muita gente que ficou no estágio anterior. Grande parte dos adultos ainda está na mente socializa. Usei a palavra ainda, porque o mundo no qual a maioria dos líderes está inserido pede que eles consigam chegar ao campo da mente autoral ou além. Na mente autoral, como falamos, ele consegue suportar diferentes perspectivas e fazer mais conexões. Sua visão inclui diversos sistemas com seus padrões e interdependências. Sua visão já não é mais polarizada e dividida e ele é capaz de enxergar que existe o seu caminho, o caminho do outro e um terceiro caminho que podem percorrer juntos. Ele dá boas vindas a outras opiniões, mas não está sujeito a elas como antes. Agora ele tem a caneta para escrever sua história, que antes era escrita pelos outros. Sua orientação que era de fora para dentro passa a ser de dentro para fora.


Muitos líderes alpinistas ficam nesse estágio pois a subida para o próximo estágio ainda é pouco conhecida. No entanto, a complexidade do mundo vem chamando os líderes para que eles se preparem e continuem a escalada. Os avanços tecnológicos e a globalização já vinham fazendo esse papel. Agora temos a pandemia que nos levou a viver em um mundo imprevisível flutuando entre o complexo e o caótico. Para esse mundo não existem respostas. Aquele pensamento preto e branco não funciona. Aqui funciona quem tiver a capacidade de enxergar as várias nuances de cinza e conseguir navegar através do que pode parecer, num primeiro momento, um nevoeiro, compreendendo e criando as melhores condições possíveis com todos e para todos; alpinistas, equipes, xerpas e governo. Líderes na altitude da mente autotransformadora, agora compreendem que estão sempre em transformação, testando, aprendendo e cocriando. Finalmente, sentem-se à vontade com o incerto, com o desconhecido e com o não saber.

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